Literatura Brasileira no Modernismo tardio, sob o prisma do "Grande sertão: veredas"

Autores

  • João Batista Cardoso Universidade Federal de Goiás

DOI:

https://doi.org/10.12797/SI.18.2019.18.05

Palavras-chave:

Neobarroco, Modernismo, Pós-Modernismo, tradição, ruptura

Resumo

Empregou-se o Modernismo brasileiro para realizar, por meio do Grande sertão: veredas (1956), essa travessia pela identidade da área compreendida entre Goiás e Minas Gerais. O objetivo é demonstrar que a retomada, por Guimarães Rosa (1908-1967), dos esteios estéticos que demarcaram essa fase em seu momento inicial nos anos 1920 sem abandonar as obras e vertentes literárias que a seguiram e fatos históricos marcantes, gerou um Modernismo atípico que, por não romper, completamente, com a tradição, recebe a designação de Modernismo tardio. Na obra do ficcionista em questão a ruptura aparece de modo mais contundente que em quaisquer outras obras do terceiro momento do Modernismo, o que levou à inauguração do Pós-Modernismo. O não finalizar encontra, no Grande sertão: veredas, um ponto de contato com a historiografia, até porque o símbolo do infinito, no final da obra indica ser a travessia de Riobaldo e Diarorim uma viagem que transcende a narração. Para se chegar aos resultados procedeu-se à leitura da obra, comparando-a com outras obras do mesmo período e da primeira fase do Modernismo; além disso, praticou-se a compatibilização entre a obra e o contexto cultural em que a mesma se insere. Dessa forma, empregou-se, como metodologia a leitura comparativa e as teses da Hermenêutica. O resultado a que a pesquisa subjacente a este texto chegou é de que a culpa de Riobaldo é a mesma de todos os homens que se deixam levar pelas circunstâncias, restringindo o olhar na superfície da realidade enquanto nas profundezas pululam as ocorrências que determinam e orientam os destinos do mundo. Outro resultado inscrito no objetivo expresso acima indica que a obra em questão contribuiu para que se iniciasse nova fase na literatura brasileira.

Referências

ARISTÓTELES (s/d), Poética, Abril Cultural, São Paulo.

ASSIS, M. de (1991), Contos, 16. ed., Ática, São Paulo.

AUERBACH, E. (1971), A representação da realidade na literatura ocidental, Perspectiva, São Paulo.

CALABRESE, O. (1987), A idade neobarroca, Martins Fontes, São Paulo.

CESAR, G. [et al.] (1969), João Guimarães Rosa, Faculdade de Filosofia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre.

COELHO, N., VERSIANI, I. (1975), Guimarães Rosa: dois estudos, Edições Quíron, São Paulo.

COUTINHO, E. F. (2006), “Linguagem e revelação: uma poética da busca”, O Eixo e a Roda, 12(2), Belo Horizonte, pp. 161-173, https://www.doi.org/10.17851/2358-9787.12.0.160-173.

DINIZ, D. C. B. (2006), “A figura da elipse no Grande sertão: veredas”, O Eixo e a Roda, 12(2), Belo Horizonte, pp. 175-185, https://www.doi.org/10.17851/2358-9787.12.0.175-185.

GONZÁLEZ, E. P. (2006), “Escritas do entre-lugar: uma poética da viagem na obra de Alejo Carpentier”, Revista Brasileira do Caribe, 4(12), Sao Luís, pp. 319-338.

MIKETEN, A. R. (1982), Travessia de Grande sertão: veredas, Thesaurus, Brasília.

MORAIS, M. M. de (2006), “O romance se fez letra – a metaliteratura em Grande sertão: veredas”, O Eixo e a Roda, 12(2), pp. 203-214, https://www.doi.org/10.17851/2358-9787.12.0.202-214.

OLIVEIRA, L. C. V. de (2006), “Contrastes e confrontos na obra de Guimarães Rosa”, O Eixo e a Roda, 12(2), pp. 187-200, https://www.doi.org/10.17851/2358-9787.12.0.187-200.

POLAR, A. C. (2000), O condor voa: literatura e cultura latino-americanas, UFMG, Belo Horizonte.

ROSA, J G. (1986), Grande sertão: veredas, Nova Fronteira, Rio de Janeiro.

SCARPELLI, M. F. (2004), “Águas turvas, identidades quebradas: hibridismo, heterogeneidade, mestiçagem & outras misturas” em: Abdala Junior, B. (ed.), Margens da cultura: mestiçagem, hibridismos & outras misturas, Boitempo, São Paulo, pp. 159-180.

SOUZA, R. de MELO e (1978), Ficção e Verdade: diálogo e catarse em “Grande sertão: veredas”, Clube de poesia, Brasília.

VIGGIANO, A. (1978), Itinerário de Riobaldo Tatarana, José Olympio, Rio de Janeiro.

Downloads

Publicado

2019-12-31

Edição

Secção

Literaturas e culturas em língua portuguesa

Como Citar

«Literatura Brasileira No Modernismo Tardio, Sob O Prisma Do “Grande sertão: Veredas”». 2019. Studia Iberica (Studia Iberystyczne) 18 (Dezembro): 71-94. https://doi.org/10.12797/SI.18.2019.18.05.

Artigos Similares

1-10 de 28

Também poderá iniciar uma pesquisa avançada de similaridade para este artigo.